Caminho da Fé


ÁGUAS DA PRATA  è  APARECIDA 
JANEIRO 2014







RELATO DO PEREGRINO


Este é um relato dessa caminhada saindo de Águas da Prata (SP) até a Basílica de Aparecida (SP).
Tem um trecho de uma música do Gilberto Gil que diz: “Andá com fé eu vou que a fé não costuma faiá”. Acho que reflete bem sobre o que eu passei em toda essa caminhada, que me fez reunir forças para caminhar 322 km.
Coração acelerado, pensamento positivo constante e muita disposição para andar, iniciei meu caminho sozinho depois da chuva torrencial que caiu durante o dia e a noite anterior.
Os primeiros dias foram os mais difíceis (muitas dores musculares), solidão e a saudade dos meus. Começou a melhorar lá pelo terceiro dia, quando encontrei companhia, Osvaldo (Japa) me fez companhia por dois dias. Voltei a ficar sozinho por mais três dias quando conheci Pedro (Espanhol) em Consolação que caminhou comigo somente um dia. Na maioria dos trechos eu saia por volta das cinco horas e chegava à outra cidade no final da tarde e as vezes já escurecendo.
No ultimo trecho de Pindamonhangaba a Aparecida já em companhia de duas figuras (Valter e Paulo) que conheci em Cantagalo, resolvemos terminar a caminhada contemplando o luar e chegar a Aparecida bem cedo e assim fizemos. Fomos subir as escadas da Basílica às nove horas no horário da Missa, para pegar nossa Mariana (certificado de quem conclui o Caminho da Fé). A noite viajei de ônibus para Belo Horizonte e daí para Salvador.

Durante os quinze dias de caminhada passei pelas mais belas paisagens, o que fazia com que os aclives e declives acentuados parecessem degraus de pódios, onde poucos têm o privilégio de subir ou descer para encantarem-se com tamanha beleza. As pessoas que encontrei nos tratavam como se fôssemos seres especiais, corajosos e capazes de realizar coisas impossíveis pela Fé, que acreditavam  possuíssemos.
De Águas da Prata até Aparecida tive a oportunidade de fazer novos amigos; dois peregrinos que conheci em Cantagalo (Valter e Paulo) da Cidade de Holandra - SP, Pedro (Espanhol) conheci em Consolação e Osvaldo em Crisólia (que carinhosamente chamava de Japa) sem falar dos ciclistas e hospedeiros do caminho.
No peregrinar buscamos na maioria das vezes sinais da presença Divina, tão relatada pelos peregrinos que caminham pelo mundo afora e, esses sinais nos chegam a todo instante na amizade adquirida no caminho, nas pessoas desconhecidas que oferecem auxílio sem pedir nada em troca (como uma senhora que mesmo com suas dificuldades compartilhou comigo um pedaço de pão com uma xícara de café e pediu-me que ao chegar na casa da Mão Maria pedisse por ela para ter força e fé e amenizar as suas dores, porque viver estava muito difícil), na solidariedade dos peregrinos, na energia que nos fortalece quando estamos fracos e na solidão, no atendimento fraterno dos hospitaleiros e na Mãe Natureza sempre bela, amenizando o cansaço da jornada com sua eterna beleza. E, foi contemplando esta beleza que vivi um dos momentos mais emocionantes do caminho: foi quando estava chegando ao Distrito de Luminosa; não sei explicar o que senti naquele momento, durante aquele dia e todo o restante da caminhada, e ainda hoje. Só sei que a imagem física e a energia daquele lugar iluminado pelos primeiros raios da manhã, vai acompanhar-me por muito tempo, reforçando de que “Nunca estamos Sós”.

Hoje, depois de alguns dias de solidão e com as marcas do caminho estou feliz em casa junto dos meus familiares; minhas orações são de agradecimento ao Grande Arquiteto do Universo, a minha família, aos amigos, aos hospitaleiros e aos peregrinos que me fizeram companhia, dividindo remédios, pomadas, lanches, frutas e muitas palavras de conforto e incentivo. Foram quinze dias vividos em família onde fomos “um por todos e todos por um”.

 322 km  de trilhas a pé

O Caminho da Fé (Brasil), inspirado no milenar Caminho de Santiago de Compostela (Espanha), foi criado para dar estrutura às pessoas que sempre fizeram peregrinação ao Santuário Nacional de Aparecida, oferecendo-lhes os necessários pontos de apoio.
Com ajuda de um mapa e partindo de Águas da Prata, foi imaginado um caminho que chegasse até Aparecida privilegiando a rota mais lógica e que atendesse ao perfil peregrino, sem interferência política.
São 497 km (322 km saindo de Águas da Prata/SP), dos quais aproximadamente 300 km atravessando a Serra da Mantiqueira por estradas vicinais, trilhas, bosques e asfalto, proporcionando momentos de reflexão e fé, saúde física e psicológica e integração do homem com a natureza.
Seguindo sempre as setas amarelas, o peregrino vai reforçando sua fé observando a natureza privilegiada, superando as dificuldades do Caminho que é a síntese da própria vida. Aprende que o pouco que necessita cabe na mochila e vai despojando-se do supérfluo.
Exercitando a capacidade de ser humilde, compreenderá a simplicidade das pousadas e das refeições. Em cada parada, estará contribuindo para o desenvolvimento econômico e social das pequenas cidades e propiciando a integração cultural de seus habitantes com a dos peregrinos oriundos de todas as regiões do Brasil e de diferentes partes do mundo.


ROTEIROS

ÁGUAS DA PRATA – SP

O município de Águas da Prata deve sua existência em razão de grande quantidade de sais minerais encontradas em suas águas sendo que a origem do nome vem de uma corruptela do tupi-guarani “Pay tâ” que ao ser pronunciada pelos portugueses tornou-se “Prata” “Pay tâ” que quer dizer em tupi-guarani “água dependurada” em virtude da alta mineralização das águas que ao escorrerem próximas as minas formam estalactites. Nas nascentes era constatada a presença de animais silvestres como: antas, veados, capivaras, queixadas, porco do mato e muitos outros.
Águas da Prata é um dos 11 municípios paulistas considerados Estância Hidromineral, pelo Estado de São Paulo.

ANDRADAS – MG

O povoamento que gerou a cidade de Andradas começou a acontecer no início do século XIX, período de decadência da extração do ouro na região central do Estado e emergência da pecuária bovina e agricultura em outras regiões do Estado, embora desde 1792 "campos" da região já tivessem sido citados em inventários registrados por memorialistas como símbolos do início da ocupação local. A partir da década de 30 do mesmo século, começam a ser registradas as hipotecas e escrituras de compra e venda de terras do emergente núcleo populacional.
Seu nome é em homenagem ao ex- governador de Minas Gerais Antonio Carlos Ribeiro de Andrada. Os imigrantes italianos foram numerosos, com seu solo e clima favoráveis, fizeram dela a região vinícola mais importante do Estado, mas, também vieram espanhóis, gregos, libaneses, alemães, suecos e portugueses.























BARRA - MG

Barra é como todas as vilas do interior do Brasil. Quem tiver a oportunidade de conhecer e observar com atenção sentirá a calma do local e a tranquilidade que os moradores transmitem a todos que por lá passam. Com seus rios tortuosos, relva baixa, cavalos pastando, dá a impressão que estamos na Arcádia dos autores românticos.

OURO FINO – MG

Ouro Fino é uma designação típica dos antigos mineradores para classificar o ouro de boa qualidade, aquele que após ser derretido, resultava num metal de alto quilate. Este pedaço de terra gerou intensa disputa quando da separação entre os Estados de Minas Gerais e São Paulo.

Hoje quem chega à cidade também avista de longe a figura de um menino. Trata-se de um monumento esculpido em concreto, medindo dez metros de altura e pesando dez toneladas. Fazem parte da mega escultura a famosa porteira e o sorridente menino que transformaram Ouro Fino em celebridade nacional.

INCONFIDENTES - MG

Uma cidade tipicamente mineira, onde a hospitalidade e a garra de um povo estão intrínsecas no cotidiano de sua população, cuja cidade consegue guardar características especiais encontradas em sua história, mas que, ao mesmo tempo, é empreendedora em sua economia, basicamente voltada para o setor têxtil e, na agropecuária, na cafeicultura. Com traços marcantes das belezas de Minas Gerais, como as serras e montanhas, os vôos rasantes dos tucanos, a festa dos canários-da-terra, capivaras, o zelo das casas antigas, o som das quedas d’água nas cachoeiras, a vegetação nascente ou o sossego do gado no meio das estradas rurais.

Inconfidentes é um excelente roteiro para quem deseja explorar um diferencial no turismo de Minas. Para quem quer contar uma nova história ou simplesmente fazer compras. Inconfidentes integra o Circuito das Malhas e o Caminho da Fé.




















BORDA DA MATA – MG

Começou como um ponto de parada para os viajantes descansarem, no tempo onde o cavalo era a forma mais rápida de viajar, a 30 km por dia tendo em vista as dificuldades do relevo da região.

O local era como posição estratégica para os exploradores: de um lado havia muito campo que servia de pastagem, e do outro mata, fornecendo a madeira para diversos usos. Estavam ali instalados na “borda da mata”, região do rio Mandú.











TOCOS DO MOJI – MG

Tocos do Moji se destaca por abrigar, no seu território de 115 quilômetros quadrados, montanhas que chegam a 1600 metros de altitude, cachoeiras, maciços de pedras imensos e vistas panorâmicas. Integra o Circuito Turístico Serras Verdes do Sul de Minas. Também faz parte do projeto Caminho da Fé, inspirado na trilha que existe na Espanha, com quase mil quilômetros de extensão, da França até Santiago de Compostela.

Pela arquitetura da Igreja situada no alto a cidade não é antiga. Na verdade é a cidade mais nova do sul de Minas. O nome da cidade não deriva da palavra “toco” (de madeira) e sim da palavra grega “tókos” que, significa “ação de conceber, ou seja, onde o rio Moji é concebido. Por isso, pronunciasse “Tocos de Moji”.













ESTIVA – MG
Na primeira metade do século XVIII (por volta de 1720) havia um caminho que ligava a região das Minas Gerais ao estado de São Paulo, nas proximidades de um ribeirão, afluente do rio Três Irmãos. Tal território era considerado, no relato dos antigos, como o trecho de maior dificuldade para os viajantes devido às características pantanosas do terreno, o que causava a perda freqüente de burros de carga nos atoleiros ali existentes. Para evitar as constantes perdas materiais, autoridades e particulares se uniram na construção de um estivado de madeira roliça no local, com 210 metros de extensão. Primeiramente este trecho da estrada recebeu o nome de Brejo da Estiva, e posteriormente Estiva; esse último nome passou a ser designado para os viajantes como o próprio ribeirão e o povoado que gradativamente se formou na localidade. Esse ponto, de vital importância histórica à cidade, é ainda lembrado pelos munícipes mediante o obelisco comemorativo, que demarca o local do nascimento do município, a través do seguinte texto:
“Estiva, vem da palavra estivado, que é um conjunto de varas ou paus lavrados ou roliços, com que se reveste um trecho acidentado de terreno, formando um leito ou esteira por onde passam as pessoas, os carros e os animais.”



















CONSOLAÇÃO – MG

Cidade pequena e agradável, com menos de dois mil habitantes com fontes de água mineral ainda inexplorável e plantações de morango. A farinha da mandioca tem servido de base de alimentação por séculos e, em Consolação a mandioca tem servido de base para a produção do polvilho, por mais de trinta anos em uma fábrica situada na entrada da cidade onde todo o processo pode ser acompanhado pelos visitantes, desde a secagem da mandioca para retirada do ácido cianídrico (veneno mortal)  a produção do polvilho.






PARAISÓPOLIS – MG

No relevo, Paraisópolis se encontra localizada em área muito acidentada, nos contrafortes da serra da Mantiqueira. Do lado sul da cidade encontramos o Pico do Machadão, com 1800 metros de altitude, onde se encontram a represa do Brejo Grande, lago artificial mais alto do Brasil. De lá é possível a visualização de toda a região, inclusive com a vista da cidade de Pouso Alegre, em dias de boa visibilidade. A altitude favorece também a visualização de outros pontos turísticos desta região da Mantiqueira, como a Pedra do Baú.














LUMINOSA – MG

O maior destaque deste Distrito é na sua chegada. Do alto do morro vemos todo o vale onde repousa tranquila esta pequena vila que, observada ao amanhecer nos lembra as cidades das histórias do Rei Artur. O sol reflete no centro do vale onde esta situado o Distrito de Luminosa, que brilha com os primeiros raios solares do dia, por isso, Luminosa.













CAMPOS DO JORDÃO – SP

Campos do Jordão é um dos quinze municípios paulistas considerados Estâncias Climáticas pelo estado, por cumprirem os pré-requisitos definidos por lei estadual. Tal nomeação garante a esses municípios uma verba maior por parte do Estado para a promoção do turismo regional. O município também adquire o direito de agregar junto a seu nome o título de estância climática, termo pelo qual passa a ser designado tanto pelo expediente municipal oficial quanto pelas referências estaduais.
Campos do Jordão é chamada de "Suíça Brasileira", como estratégia de marketing, pela sua arquitetura tardia baseada em construções europeias e pelo seu clima mais frio que a média brasileira. Por isso, a cidade recebe maior quantidade de turistas durante a estação do inverno, especialmente no mês de julho.

Os primeiros habitantes conhecidos da região foram índios pertencentes a várias etnias: puris, caetés, guarulhos e cataguás. A partir do século XVI, a região começou a ser percorrida por desbravadores de origem portuguesa, como Martim Corrêa de Sá, Gaspar Vaz da Cunha e Inácio Caetano Vieira de Carvalho. A família deste último vendeu suas terras na região para Manuel Rodrigues do Jordão, cujo sobrenome veio a conferir à região seu nome atual.














PINDAMONHANGABA – SP

O nome quer dizer “o lugar onde se fazem anzóis”. O próprio nome nos remete aos primeiros anos da conquista do interior de nosso país. O português não era uma língua muito usada, os exploradores saíam a pé de São Paulo, fazendo paradas em seu caminho rumo às Minas Gerais.

De pouso a região evoluiu para a produtora de cana de açúcar e aguardente. Experimentando grande desenvolvimento no período do café. Hoje a cidade respira o progresso de uma rápida industrialização, e a arquitetura produzida na época dos Barões do Café está apertada em meio de lojas de departamento. 











APARECIDA – SP

Aparecida é a Maior Estância Religiosa do país e muitos romeiros a visitam durante todo o ano a Basílica de Nossa Senhora de Aparecida.

Aparecida nasceu de um milagre, quando em 1717 os pescadores Domingos Garcia, Felipe Pedroso e João Alves pescaram no rio Paraíba do Sul a imagem de uma Santa Negra. Era época de pouca pesca, para servir um banquete ao governador de Minas Gerais e São Paulo, Dom Pedro Miguel de Almeida, que passava pela Vila de Guaratinguetá, os três pescadores lançaram sua rede ao rio. Primeiro, pescaram um corpo de imagem, sem cabeça, depois , ao jogarem novamente a rede, tiraram do rio a cabeça da imagem, que se encaixava perfeitamente ao corpo.


A pesca milagrosa da imagem de Nossa Senhora Aparecida era um sinal de que esta cidade seria abençoada.




Foi assim que cheguei a...

BASÍLICA DE APARECIDA






Fontes:

http://pt.wikipedia.org/
Guia Caminho da Fé, Antonio Olinto Ferreira e Rafaela Asprino, 3ª edição; São Paulo, 2011; Gráfica Unidos.





3 comentários:

  1. Meu Grande Amigo Gildo!!!

    Um grande abraço a voce e a todos da sua familia apareça..
    Parabens pelo Blog

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  2. boa noite amigo eu faço o caminho de araras a aparecida e nos caminha paralelo ao caminho da fé mas não temos palavras para descrever tanta emoção é muito gratificante daqui a aparecida são 360 km mas parabens a todos pelegrinos e que a mãe aparecida nos ilume

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